sexta-feira, 24 de abril de 2009

Dores da tosse.

Vem do peito e explode. Tento convencer-me que não pode piorar. Mas piora e dói. Sangra. O coração omite o ar. Puxo do fundo e tento lembrar do alivio. Mas é seca, dolorida, como palavras mal colocadas; ou são palavras mal colocadas. A mente volta ao passado, vasculha a memória e lembra de quando aconteceu pela última vez. Eu lia a mesma coisa, e pensava no mesmo algo naquela madrugada fria de talvez um ano. Mas o agora me acorda. Vejo nele o passado distante. Tosse. não posso controlar a dor, ela incomoda. Procuro meu remédio e vejo que não há mais. No pulmão sinto o peso, no coração o sufoco do um dia quem sabe. Sabe lá o que quero. Hoje te quis, mas a um segundo atrás te abandonaria. Será que iria sentir o alivio. Tosse. Será que nunca vai parar? Vou me cobrir e esperar um boa noite que nunca virá. Tosse, tosse, tosse. Já quero ir pro outro lado e de lá te ver. Dormir e lembrar, sonhar e sentir. Tosse tosse. Será a última vez que vou sonhar contigo? Tosse. 

quarta-feira, 22 de abril de 2009

O dia bom pra morrer.

Hoje acordei e olhei no espelho. Dia bom de morrer. Nada mais me satisfaz, nada mais corre atrás. Um dia bom de morrer. Queria estar mas é lá e tu cá. Dia bom de morrer. A saudade já bate na porta, diz que perdi, diz que já foi, diz que morri. Um dia bom de morrer. Parado no ponto eu penso, olho, e não me vejo mais como me via antes. Meus sonhos se esfarelam como um livro velho comido por traças. Nada mais que me fala é verdade, tudo aquilo evaporou. Queria ver a luz, estar nela, queria a felicidade, a alegria do dia a dia, a ternura do cansaço edificante. Queria ter a certeza do seu sorriso a cada semana, não ter medo de falar, de ser aquilo que quero. Queria parar de sonhar para realizar um passo e me ver deitado e feliz. Queria poder te ver deitada em meu ombro, sentir o calor do seu rosto sem pensar no amanhã. Cadê aquilo que foi prometido? Cadê minhas profecias oníricas lidas no livro. Cadê você que deveria estar aqui e me dizer que tudo ficará bem? Cadê o o amor que me puxa da cama e foge para longe de mim só de pirraça. Um dia lido de morrer. Acabar com as angustias e dores do dia a dia, sonhos e esperanças a serem vividas; dar cabo daquilo que me faz tão mal e sorrir para o que me faz bem. Ver a confusão ir embora. Poder me jogar e ouvir que gosta; sonhar e ver que continua comigo. O dia bom de morrer é agora, e acordar em alguma hora onde as dúvidas serão passados e as lembranças achados.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Confusão

Ditados, diálogos, telefonemas e mensagens. Que desastre! Querer dizer o que pensa, paciência! Devagar se faz a farra, mostra a cara e desafia a palavra. Te confunde? Não me insulte, mostre a verdade, diga a parte o que quero, o que quer. Mentiras já não ficam; palavras as vezes são como supositórios impedindo a diarreia de sentimentos. No canteiro um abraço, um laço, me faz pensar no passado tão vasto, largo e curto.  Diagramar a vida de modo que não mexa em feridas abertas de maneira tola. Pudera dizer a ti de uma tal naturalidade; pudera aceitar em ti aquilo que vive disfarçando nas suas atitudes, propondo. Vejo na mesa a vida exposta, uma compota de vários fragmentos adocicados. É, as vezes me vejo farto de tais guloseimas. 
Quisera olhar pra ti e não dizer tchau. Quisera não olhar para trás esperando ver-te voltar e dizer aquilo que não vou ouvir. Paciência divina domina minha vida. As vezes me vejo como um tolo esperando alguma ação conjunta, pobre de todos! Numa jardineira te vejo me fazeres bem, sorrir e sair um gosto dos olhos. Não me importo em esperar; me importo em não voar. Me confunde, me desfoca e as vezes não me nota. Foge, ignora, faz-me miséria, me adora, me toca, me beija, mas se queixa de não saber. Sabemos menos dessa confusão; sabemos sim da ação; sabemos sim da falta do tempo quando junto está. 
Desenho no ar o sentido, já que existo. São dois quando se quer um; é um nada quando se luta em silêncio; é confuso quando pareço enfim estar entendendo. 

quarta-feira, 8 de abril de 2009

O conto da Cachoeira.

Tão logo pudesse ver o mar la de cima me vinha desejo de voar. Sabia que não poderia cometer tal ato, mas algo parecia querer se desprender. De certo aquele não  seria meu lugar, já que havendo tanto sofrimento no coração não teria mais para onde fugir. Ela gritava meu nome desesperadamente mesmo não sabendo se me queria ali com ela; eram as dúvidas da crise. Mas parecia que aquela voz me prendia ao chão novamente, voz tão peculiar que ousei em me virar. Lá estava ela, linda, toda de branco, estendendo seu braço e dizendo para ir com ela naquela trilha. Talvez não tinha mais pra onde seguir, então fui. O engraçado de tudo era que não enxergara seu rosco coberto pelo véu, mas sentia seu coração e a proximidade que tínhamos. Seguimos calados por aquela trilha até chegarmos em uma clareira onde havia um lindo poço de água cristalina e uma bela cachoeira. Não me conti em tamanha alegria, e convidei a misteriosa moça a ir comigo. Foi quando ela levantou seu véu e pude ver sua beleza. Meu coração batia de uma forma mágica, sabia que havia encontrado a pessoa que sempre esperei. Ela olhou-me no fundo dos olhos, me beijou e disse - Não tenha medo. Se você acredita, se jogue!. Não me contive e pulei naquele lindo lago. Quando voltei a superfice depois do mergulho olhei em direção aquela bela moça e não à vi mais. Sai correndo a procura-lá e não encontrei. Não poderia acreditar, eu ali parado prestes a tirar minha vida e uma moça me salvará; moça cujo agora havia sumido. 
Voltando a estrada encontrei um bar, pedi uma cerveja e perguntei se tinham visto uma moça com as características que descreverá. O dono do bar me disse que sim, que ela estava sempre por lá. Mas que não era para me animar; aquela moça havia morrido de desgosto a mais de 50 anos depois que seu noivo cometeu suicídio no mesmo precipício que pensei em me jogar. Naquele momento senti novamente a boa sensação em meu coração. O dono do bar complementou dizendo que a mesma antes de morrer disse que nunca mais ninguém que passasse por ali com "mal de amor" iria padecer, e que eternamente ela iria ajudar a todos que um dia ficassem descrentes do amor. Amores vão, amores vem, mas de certo o verdadeiro sempre será eterno.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Lealdade, sinceridade e pequenas palavras infames da madrugada.

Se bastasse a vontade única para as realizações e ações dos seres tudo tomaria um rumo prático. Indevido a não ação, já que a mesma é uma ação, cujo podemos deparar com o tarde. Poderia-se parar o tempo para se pensar? Pensar sem tentar para que achar, perder e desperdiçar? Sempre se acha que não sabem o que fazem, mas fazem, geram as ações mesmo nas brigas e palavras idiotas numa manhã. Tudo parece inrresponsável; um jogo infantil. Apenas parece. Danada por pensar e se esconder atrás das frases ditas. Ação bendita, dita e edita, sempre nos contradiz. Então para que tentar entender, crer e ver? Agir, mostrar a si, a ti, o que importa é o agora. Veja a chuva ai fora que lava os pensamentos e faz exclamar uma palavra; jogue-se.