sexta-feira, 1 de maio de 2009

Carta

Me perdoa. Eu parti. Não pude esperar seu tempo. Ele foi mais devagar que meu próprio eu. Quis poder olhar para traz e  te esperar, mas você insistiu em andar devagar. Me perdoe, fui covarde. Não aguentei tais dores no peito e  na alma. Não aguentei aquele olhar de desprezo, as palavras pesadas da sua boca dizendo coisas que nunca queria ouvir, mas talvez deveria. Me perdoe, eu fui e fiz você chorar pois hoje sabe que não irei voltar. Ouço aquela música que te disse no ouvido enquanto no abraçavamos; e você sorriu. Lembro dele. Era sincero, do mesmo grau de quando nos olhamos naquela noite quando disse que não me importava. Mas hoje me importo tanto que fui. Mas não foi você, foi tudo. Não pude suportar cada grama daquele peso que eu mesmo me dirigia.
Era tudo escuro, mas ai resolvi acender aquela derretida no castiçal. Tudo ficou claro, tudo disse que deveria ir. Sei que lhe deixo lágrimas, sei que lê deixo desconforto, sei que te deixo. Mas sei que se um dia estive ai ficará no teu peito a lembrança do meu eu. Sou livre agora de toda a agonia e desprazer; sou livre de mim; sou os passáros de meu braço; o vento de minha face; o perfume das flores na brisa da manhã. Sou aquilo que sempre tive mas não via, mas tu não via e hoje vê. Será que sempre precisarei ir pra ver que estou aqui?